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O dia em que morri em um desastre aéreo

R$64.00

Informação adicional

Peso 0.23 kg
Dimensões 22 × 12 × 1.00 cm

Por Antônio Xerxenesky

Se é verdade a máxima de Tolstói – de que as famílias felizes são todas iguais, enquanto as infelizes são únicas em sua tristeza –, no seu romance de estreia, João Saraiva tematiza uma família muito ímpar. Pois, o que se põe em cena em O dia em que morri num desastre aéreo é uma derrocada, ao mesmo tempo sintomática do Brasil atual, e única em sua loucura.

Desde a primeira linha estamos mergulhados nesse universo imprevisível, quando um publicitário arrogante descobre, por meios kafkianos, que morreu num acidente de avião. Giovani é um patriarca que se acredita no controle de todas as situações. A sua própria morte traz uma ruptura tão radical que a visão que ele tinha de própria família se estilhaçará nos capítulos seguintes.

O foco desloca-se, então, para a esposa, a filha, a empregada. Dialogando com uma tradição literária de romances fragmentados entre vários pontos de vista – Enquanto agonizo, de William Faulkner, A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan –, João Saraiva dá voz a personagens em busca de uma maneira de expressão muito distante do jugo racionalizante e totalitário da figura paterna de Giovani.

O recurso, para além dos efeitos mais óbvios, abre as portas da experimentação, permitindo que Saraiva mescle diversos gêneros literários e registros linguísticos num só texto. O resultado é complexo, esfacelado e poderoso.

Dessa maneira, O dia em que morri em um desastre aéreo constrói um caleidoscópio das mudanças que o núcleo familiar brasileiro tem vivido nas últimas décadas ao mesmo tempo em que nos apresenta um escritor estreante com um estilo já tão seguro.

 

Ficha Técnica

  • ISBN: 978-85-69020-49-3
  • Edição: Primeira
  • Ano: 2019
  • Páginas: 120
  • Formato: 12x22cm
  • Encadernação: Brochura