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Porque éramos Nós

Porque éramos Nós

Porque era ele
Porque era eu
Porque éramos Nós

Étienne de la Boétie foi o melhor amigo de Michel de Montaigne. Certa vez, perguntado do porquê daquela amizade, o autor dos famosos Ensaios teria respondido: “Porque era ele, porque era eu”. Montaigne justificava assim o amor-amizade que tinha pelo escritor francês, com quem manteve uma longa correspondência intelectual.

Chico Buarque conta essa história num vídeo, para explicar, ele também, uma canção que se chama “Porque era ela, porque era eu”, inspirada em La Boétie e Montaigne. Usei muitas vezes esse exemplo num curso que costumava ministrar, chamado “O Som e o Sentido – A Literatura na Obra de Chico Buarque”.

Essa história sempre me comoveu. De modo que foi uma alegria imensa quando Gabriel Perissé, um amigo de longa data, responsável em parte por eu me tornar escritora, propôs de criarmos na Nós uma coleção de ensaios de literatura e filosofia, começando com O Discurso da Servidão Voluntária, de La Boétie.

O nome da coleção “Grãos” veio das nossas conversas amigas, que incluem a talentosa Ana Laseviscius, escritora, ilustradora, contadora de história, esposa do Gabriel, e também minha amiga.

Por tudo isso, sinto que a Coleção Grãos, como bem define Perissé é, de fato, “o início de um processo de crescimento e multiplicação. Os grãos simbolizam o desejo de fecundidade e contínuo desenvolvimento do gosto pela leitura, pelo saber” e por que não dizer, pela amizade, essa coisa mágica que faz germinar mundos e livros?

É o primeiro, de uma série, que tem a ambição de recolocar em circulação livros essenciais que, ou nunca foram traduzidos, ou estão fora de catálogo, ou pouco distribuídos. Esperamos que os leitores possam apreciar esses grãos de saber e que deles possam extrair um pouco de filosofia para a vida, filosofia que é, ela mesma em definição, a amizade ao saber. Amizade que ao fim e ao cabo nada mais é que o amor, este que tanta falta faz, em tempos tão sombrios.