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Enfim, dezembro.

Enfim, dezembro.

Passa da meia noite. Portanto, já é dia 1 de dezembro. Já não parece dezembro… Agora é dezembro! De um ano dourado, como andei a repetir, apesar de. Sim, porque o último mês do ano chega para Nós com a mesma luz tênue que nos guiou até aqui. Nós que nascemos em janeiro e caminhamos praticamente 365 dias até este hoje, tateando não no escuro, mas no lusco-fusco do existir em tempos difíceis, e que apesar de uma ou outra zona mais sombria, conseguimos manter nossa fé em dias melhores, em livros melhores.

O tempo voou, e para fechar 2015 (embora essa cronologia pouco diga do que é a vida no seu presente contínuo), estamos anunciando hoje mais um título: Feliz Natal, Papai Noel!, de Paola Santandrea e Daniela Santandrea. É um livro lindo, puro, singelo, despretensioso. As autoras, ambas italianas, conheci na Feira do Livro de Bolonha. A tradução é do Roberto Parmegianni e a história é contada pelo menino Otto, filho do carteiro que entrega as cartas para o Papai Noel e que por um instante se pergunta: Se o Papai Noel dá presentes a todos, quem dá presente para o Papai Noel?

Otto, na sua pureza, faz surgir diante dos nossos olhos o outro. Otto não vê apenas a si mesmo. Enxerga, intui, e nos faz ver, o desejo (e as necessidades) daquele que está para além do seu umbigo, neste caso, ninguém menos do que Papai Noel. É uma bela história para tempos tão egoístas como os nossos, nos quais a lógica do cada-um-por-si insiste em prevalecer sobre qualquer possibilidade do bem comum.

Tentei contextualizar o lugar deste livro no nosso catálogo, mas percebi que ele escapa ao meu racional. Não é um livro de literatura brasileira contemporânea, nem um infantil que recupera um clássico – embora seja quase mitológico esse personagem que prepara presentes “para todos”. Depois de muito pensar, percebi que minhas escolhas editorais ao longo deste ano seguiram lógicas diversas: tem escolha política, tem escolha conceitual, tem escolha estética… E tem escolha que obedece ao meu coração. Feliz Natal, Papai Noel, é a escolha da criança que ainda há em mim, daquela que ainda prefere acreditar na luz, no coração bom do outro. De modo que espero que possamos nos espelhar no olhar de Otto para enxergar o grande outro, que somos, afinal, nós.

Sempre sempre me causou um certo desconforto antecipar o discurso de Feliz Natal e Feliz Ano Novo. Em geral, não gosto de ver as luzes de Natal se acenderem antes do tempo. Sou do tipo que gosta de sentir tudo intensamente no calor da hora porque cada dia, cada hora, cada segundo… Mas como este é o último post do ano no blog, não posso deixar de aproveitar esse momento para agradecer. A todo mundo que acompanhou a Nós em cada dia deste ano. “Nós” somos tantos! São tantas as mãos, cabeças e corações envolvidos nessa construção! A todos e a cada um a minha mais gigante gratidão e o desejo, imenso, de que estejamos juntos em 2016 contando e vivendo novas e incríveis histórias. Juntos.